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Mensagens Episcopais
(2018/19)
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ABADIA BENEDITINA ANGLICANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

MITRA PROVINCIAL DA IGREJA ANGLICANA TRADICIONAL DO BRASIL

Carta Pastoral 004/2019

Mensagem de Natal 

Amados irmãos, 

Benedicite Domini! 

“Ó vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou” Sl 95:6 

A celebração da Natividade conduz-nos, anualmente, a revisitar a certeza de que, apesar da desumanidade presente em tantas situações do mundo de hoje, Deus continua a assumir a nossa humanidade. 

Sucedem-se os conflitos implacáveis, em diversas partes do mundo, que destroem e matam indiscriminadamente; multiplicam-se os atentados sem escolher lugares e vítimas, que semeiam o medo, o terror e a morte inocente; sentimo-nos impotentes perante o drama e até mesmo o desfecho trágico dos refugiados; a pobreza de muitos, em todas as suas formas, manifestações e consequências; também entre nós, continua a contrastar com a abundância desmedida de poucos, as intolerâncias, os julgamentos e preconceitos, que tanto nos separam. Deus continua, em cada Natal, a recordar-nos que não desiste de nós e a tornar-se presente como Luz que ilumina e desfaz as trevas que envolvem a nossa existência: o povo que andava nas trevas viu uma grande luz (Is 9, 1). Luz que brota do rosto de Cristo, cheio de misericórdia e fidelidade; um rosto indefeso de criança, cuja contemplação convida a eliminar todas as formas de violência e de “desumanidade”; um rosto que revela a autêntica sabedoria, e a todos dirige uma proposta eficaz para construir um mundo verdadeiramente humano. 

Celebrar o Natal é deixar-se atrair e iluminar pelo brilho desta Luz; é deixar-se purificar e aquecer pelo seu calor. Ela continua hoje, como há dois mil anos na simplicidade da gruta de Belém, a indicar o caminho da construção da verdadeira paz. Disso são testemunho os primeiros a deixar-se iluminar por esta Luz. Os Magos vindos de longe, oriundos de culturas e raças diferentes, regressaram por outro caminho, após o encontro com Jesus, bem como os pastores que regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (Lc 2, 20). 

O mundo precisa urgentemente desta Luz que vem do Alto, atrai a si todos os povos e a todos orienta no caminho da partilha fraterna e do bem comum. A missão da Igreja e de cada discípulo de Cristo é refletir esta Luz. Este é o seu serviço ao mundo: iluminar todas as realidades humanas, particularmente as situações onde a escuridão é mais densa. 

O Evangelho, boa notícia que tem o seu centro e o seu conteúdo na pessoa de Jesus Cristo e também a exemplo de Maria, a Igreja é chamada a acolher em si o mistério de Deus que nela habita, a refletir cada vez mais o rosto de Cristo, no qual Deus revela de forma visível o seu amor e a sua misericórdia para com todos. 

A misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro; é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida; é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar das nossas limitações, presentes em todas as situações “desumanas” que nos envolvem. A todos formulo votos de um SANTO E FELIZ NATAL! Para todos invoco as bênçãos do Deus-Menino! 

Façamo-nos mensageiros desta Luz que, desde Belém, continua a brilhar para nós e para todos. Cor Jesu Sacratissimum Miserere Nobis. 

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ABADIA BENEDITINA ANGLICANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

MITRA PROVINCIAL DA IGREJA ANGLICANA TRADICIONAL DO BRASIL

Carta Pastoral 002/2019

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ABADIA BENEDITINA ANGLICANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

MITRA PROVINCIAL DA IGREJA ANGLICANA TRADICIONAL DO BRASIL

 

 

MENSAGEM QUARESMAL 2019

 

Carta Pastoral I/2019

 

Amados irmãos,

Benedicite!

 

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos12.1-2).

 

No calendário litúrgico cristão, Quaresma é um período que trata da importância da contrição, da conversão, da introspecção, da confissão, dentre outros aspectos desta natureza. Talvez o mais importante seja que este é um tempo de cura, de libertação total. Livres, podemos discernir o verdadeiro sentido das nossas vidas e missão. O início deste ciclo ocorre na Quarta-feira de Cinzas, isto é, no quadragésimo dia antes da Páscoa, sem contar os domingos. Na Bíblia, a Quaresma traz consigo uma simbologia rica e desafiadora para todos nós. Refere-se aos 40 dias e noites que Cristo se refugiou no deserto para um tempo de reclusão pessoal.

 

Cotidianamente, enfrentamos a correria e a urgência das coisas que estão associadas à nossa vida, as quais, inevitavelmente, nos tiram os preciosos momentos que poderíamos reservar para dedicação exclusiva a Deus. Por isto, trago uma reflexão fundamentada nas palavras do apóstolo São Paulo sobre a necessidade que temos em elevar o espírito, a mente e o coração, cujo objetivo é tão somente o fortalecimento espiritual.

 

Quando analisamos as palavras do apóstolo percebemos que a sua grande preocupação é nos convencer a desviarmos de tudo o que tem a aparência de mal e nos apegar às misericórdias divinas. O maior desafio nessa circunstância é termos atitude de uma entrega total de nossas vidas ao Trino Deus, isto é, de corpo, alma e coração. Tal atitude toma a forma de um verdadeiro sacrifício vivo a Deus. Não é um sacrifício ritualístico, sem sentido, para cumprir um protocolo religioso. É o abandono de práticas indevidas diante de Deus, do próximo e de nós mesmos. É a busca da vida que está escondida em Cristo. É por meio desse sacrifício vivo que realizamos a nossa dedicação exclusiva, ou seja, com atos de piedade (jejum, oração, estudo da Bíblia, comunhão, etc.), formulando assim o verdadeiro culto celebra a Deus.

 

Quando concretizamos esse sacrifício vivo, adquirimos a renovação da nossa mente, o que resulta em um corpo sadio. Um corpo sadio é um corpo motivado, animado, alegre, disposto e que obedece aos limites impostos pela vida. Uma mente renovada é uma mente madura, visionária, que enxerga além do necessário.

 

No ritmo de vida alucinante que a cotidianidade nos obriga a experimentar individual ou coletivamente, a nossa mente precisa se renovar sempre para tornamo-nos sensíveis à voz de Deus, compreender a Sua Palavra e desfrutarmos uma vida correspondente à modelada por Ele em Jesus. O convite é para refazermos o nosso caminho e voltarmos para Deus com a confiança de que Ele pode nos tirar da inércia, da falta de criatividade para o bem. Jesus  oferece gratuitamente sua graça, porque é o caminho, verdade e vida. A Quaresma nos desafia a uma constante resignação pessoal, cuidado integral.

 

Diante dos grandes obstáculos enfrentados à dedicação e ao esforço em  apreender um corpo transformado e uma mente renovada fazem-se imprescindíveis para a nossa sobrevivência no mundo cada vez mais exigente. Qual seria a saída para essa conquista? Nas palavras do próprio apóstolo São Paulo, o nosso corpo é santuário de Deus e do Espírito Santo (I Co.3.16-17; 6.19-20; II Co.6.14-18), razão que o transforma em sagrado, e a nossa mente é a mente de Cristo (I Co.2.16). Por isto, é tempo de
cuidarmos da nossa espiritualidade. 

 

Finalmente, Quaresma leva-nos a Páscoa, que tem como  objetivo o ressuscitado: abertura do nosso coração para um olhar de amor, de proximidade, de bondade para apreciarmos toda glória de Deus.

Benedicat vos omnipotens Deus, Pater, et Filius + et Spiritus Sanctus.

+ Dom José Da Santa Cruz

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"Expedição VEDANTA"

Petrópolis - Rio de Janeiro

6 a 10 de fevereiro de 2019

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De 06 a 10/2/19 fomos convidados para participar da gravação de um documentário intitulado "Expedição VEDANTA", promovido pelo Instituto de Estudos Védicos Vishva Vidya, localizado na serra de Petrópolis, Rio de Janeiro.


As cenas para o documentário foram gravadas pelo professor tradicional de VEDANTA Jonas Masetti, em viagem a Patagônia.
Foram escolhidos vários temas, com suas referidas poesias, que falavam do cotidiano do homem em busca do seu autoconhecimento: relacionamentos país e filhos, ego, tristeza, o objetivo da vida, a figura do mestre, preconceito, o viver no tempo presente.


Os temas eram apresentados em forma de aula, em seguida partilhado entre os alunos e, depois, individualmente, em entrevista, falávamos livremente sobre cada assunto, respondendo aos questionamentos levantados por uma entrevistadora/apresentadora.


Foram dias de intensas partilhas e de muita espiritualidade. A abertura de coração faz-nos compreender que só há um Criador, que tudo que existe no universo são aspectos Dele; que todas as qualidades estão Nele, porque Ele é a causa dessas qualidades. Deus não pertence a religião, nem ao tempo - não é um personagem dentro do universo, mas a liberdade completa; causa material e inteligente de tudo que existe. Aquele no qual o universo se dissolve.

 

A essência foi o amor ao conhecimento, ao universo que é Deus; àquele que tudo sabe ao mesmo tempo, que tudo mantém, causa da renovação e destruição, vida e morte, princípio e fim; que habita também os limites da nossa mente. Nós, com nossas experiências, encontramo-nos inteiros dentro da mente de Deus.


Falamos um mesmo idioma, reconhecemos um único Deus e, assim, partilhamos grandes e profundas experiências de amor.


Que Deus nos abençoe.


Dom José da Santa Cruz.

ABADIA BENEDITINA ANGLICANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

MITRA PROVINCIAL DA IGREJA ANGLICANA TRADICIONAL DO BRASIL

 

 

Natal de Nosso Senhor

 

Carta Pastoral I/2019

 

Caríssimos Pastores,

Benedicite Domini!

 

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos." Primeira Carta de Pedro 1: 3.

 

O tempo presente é marcado por uma crise e uma convulsão social gerando exclusão e desespero. Esta parece ser a realidade marcada pelo sentimento de que as aspirações justas de um tempo melhor, mais fraterno, mais humano e com possibilidades iguais para todos, parecem afastar-se cada vez mais.

 

Em grande parte do país, as palavras do profeta Ezequiel na época da destruição do reino de Judá e do cativeiro na Babilônia estão na superfície: "Nossos ossos secaram e nossa esperança desapareceu. Estamos perdidos!" Vivemos uma mudança de época, com transformações aceleradas e profundas que caracterizam este novo século.

 

Com o fenômeno da globalização, múltiplas consequências da desigualdade surgem em ambos os lados do planeta e sofrem especialmente as nações mais pobres. Nosso Brasil e nossa América Latina estão incluídas nesta realidade dura e lamentável que tantas vezes nos confronta com a própria morte de nosso povo.

 

Tudo parece indicar que as utopias de um mundo mais justo, a libertação da humanidade, foram suspensas, passando tudo para o deus do mercado, em cujas mãos estaria o estabelecimento da igualdade e da justiça. Embora, olhando bem as coisas, esse deus idólatra tenha causado apenas crise, desapontamento e desespero, à medida que as injustiças e desigualdades crescem e se aprofundam.

 

Podemos afirmar que essa globalização do mercado dos poderosos significou para a grande maioria a exclusão, a frustração, as mortes e, finalmente, um profundo desespero. Violência, inquietação; inquietação são moedas comuns na complexa conjuntura em que vivemos.

 

É nesse contexto que nos perguntamos: a Igreja tem algo a dizer e oferecer, como testemunha de esperança nestes tempos? Que contribuição pode oferecer para que a mulher e o homem de hoje não percam a esperança?

 

E acho que a frase de Enrique Pichón-Rivière é relevante: "Em tempos de incerteza e desesperança, é essencial desenvolver projetos coletivos dos quais planejar a esperança junto com os outros".

 

A igreja deve ser oferecida como uma comunhão que faz a esperança florescer no meio de um mundo chocado. A Igreja tem uma palavra significativa para se pronunciar para atender às expectativas dos homens e mulheres de hoje. E essa palavra existe em si mesma: como seguidores de Jesus, somos cartas vivas de Jesus, o homem para os outros, que se oferece livremente como plenitude de vida.

 

A igreja de Cristo deve erguer-se como um lugar de verdade e amor, de liberdade, de justiça e paz, para que todos possam descobrir razões para continuar esperando contra todo o desespero. No espírito de Jesus ressuscitado, a Igreja tem uma viva esperança contra todas as ilusões e contra os desesperos, até que a noite escura da injustiça e da ignomínia possa ver os primeiros sinais de alvorecer do Reino de Deus. "No meio do inverno, descobri que havia um verão invencível dentro de mim." Albert Camus.

 

Na esperança que nos enche de consolo de que nunca estamos sozinhos, que em Cristo somos um só Corpo, nós nos sustentamos mutuamente.

 

Com carinho, minha bênção apostólica.

In corde jesu et Mariae, semper,
 

+ Dom José Da Santa Cruz

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ABADIA BENEDITINA ANGLICANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

MITRA PROVINCIAL DA IGREJA ANGLICANA TRADICIONAL DO BRASIL

 

 

Natal de Nosso Senhor

 

Amados irmãos,

Benedicite Domini!

 

Natal é tempo de celebrar o nascimento do Salvador e comunicarmos as graças particulares deste mistério.

Sendo e permanecendo verdadeiro Deus, tornou-se verdadeiramente homem. Não hesitou em si revestir da forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens e sendo reconhecido como homem. E sendo homem, atrai todo gênero humano a Si e o faz seu corpo místico e desdobramento. “Deus factus est homo ut homo fieret Deus”. Deus se fez homem para que o homem se tornasse deus, diz Santo Agostinho.

Este é um tempo de encontro em maior profundidade com Deus e, consequentemente, com a humanidade. A mensagem do Natal tem o objetivo de ajudar-nos a encontrar com o próprio Deus na sua identidade e da maneira que ele tem de agir e de estar na sociedade e se comunicar conosco.

Em jesus se descobre o Pai misericordioso. Deus que ama sem reserva, que em sua Kénosis se volta à pobreza e fragilidade humana, se encarna nesta realidade. Jesus e o Reino por Ele apregoado, tem por centro a misericórdia e o amor e sua missão foi exatamente esta: tornar presente no meio da humanidade e, de maneira específica, diante do sofrimento dos pobres, o Pai misericordioso e compassivo.

 

Ao contrário de um Deus alheio ao sofrimento, que condena e castiga os fracos e pecadores, Jesus vem apresentar com seu testemunho e ação um outro Deus; pai amoroso e misericordioso, rico em ternura.

A missão de Jesus não está baseada na cultura da morte, e sim na cultura da partilha do amor, na qual um deve ser sempre a razão de ser e existir do outro, de maneira que o compromisso seja consequência da intimidade desse agir misericordioso do Filho no Reino apregoado por Jesus.

A mensagem do natal, pois, é o próprio Jesus. Segui-lo é seguir o novo. Andar com ele é palmilhar caminhos nunca vistos. Acompanhá-lo é aventurar-se a mergulhar profundamente no lago onde para nossos olhos cansados parece uma miragem.

Andar com Jesus é fazer da vida uma liturgia, e da liturgia nossa vida. Limitar-se a segui-lo é limitar-se no ilimitado; é deixar-se aprisionar pela liberdade. Para liberdade foi que Cristo nos libertou.

Que sigamos este projeto encantador e também transformador em nossas vidas. Celebrar o Natal é comprometer-se com glória, que envolve as condições mais sublimes ou mais humildes da existência e da atividade dos homens, e também com essa paz, que é o gozo da fraternidade e o fruto da justiça nas relações entre os homens.

Feliz e abençoado Natal do Senhor!

In corde jesu et Mariae, semper,
 

+ Dom José Da Santa Cruz

Dom Alfredo dória

arcebispo da igreja anglicana tradicional