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Espaço Thomas Merton

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Thomas Merton vai para a Ásia e vê a criação

Sri Lanka, 1968

“Fui arrastado por uma onda de gratidão e consolo ante a óbvia clareza dessas figuras, a clareza e fluidez das formas e linhas, o desenho dos corpos monumentais harmonizando-se com os padrões da rocha. Paisagem, imagem, pedra, árvore. E a extensão de rocha nua em oblíquo afastamento para o outro lado da concavidade, aonde se pode voltar e apreciar diferentes aspectos dessas figuras.

Olhando-as, fui bruscamente e quase à força arrancado para ficar livre do modo habitual de ver as coisas, já em si algo exausto, e uma clareza interior, uma nitidez que parecia explodir das próprias pedras, tornou-se manifesta e óbvia. A pura evidência da estátua reclinada, o sorriso, o triste sorriso de Ananda em pé e com os braços cruzados (muito mais “categórico” que o da Mona Lisa de Da Vinci, porque absolutamente simples e sem rodeios). A grande questão, sobre isso tudo, é que não há enigma, não há problema, não há “mistério”. Todos os problemas jé estão resolvidos e tudo está muito claro, simplesmente porque o que importa está claro. A pedra, toda a matéria, toda a Vida, está imantada de dharmakaya – tudo é vazio e tudo é compaixão. Não sei quando em minha vida tive um tal senso de beleza e vitalidade espiritual a fluir juntas numa mesma iluminação estética. Sem dúvida, com Mahabalipuram e Polonnaruwa, minha peregrinação asiática tornou límpida e purificada a si própria. Quero dizer que eu sei e vi aquilo de que andava obscuramente à procura. O que ainda resta, não sei, mas agora já vi, penetrei pela superfície adentro e fui além da sombra e do disfarce.”

Merton na Intimidade (Fisus, 2001), pág. 416

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